Sunday, August 31, 2008

Chuva

O soalheiro calafrio sucumbe
A desnuda insónia condensada.

Qual tempestade reproduzida
Num desejo entregue ao relento,
Desperto pelas ranhuras deste chão
Onde cai em pranto a minha chuva.

Abriga-se o vulto desprovido
Do dilúvio com tormentos resfriados.
Anseia pela bonança vora,
O momento que aquieta a alma,
Depois de ter sentimentos feridos.


Toca no seu dorso esta bonança
Que componho em traços de luz.
Torna à terra o curso de água,
Carregado de raízes efémeras
Num desabrochar de Primavera
Em pleno Outono.


Nádia Fortes
31/08/2008

Monday, August 25, 2008

Retrato

Ponto sem partida,
Paragem em movimento,
Amor fraternal,
Despontar dum rebento,
Sorrisos esmorecidos,
Um lenço ao vento,
Sebenta sem prefácio,
Minutos sem tempo,
O meu universo
Num breve apontamento.

NF

25/08/2008

Saturday, July 12, 2008

Thursday, June 19, 2008

Outra vez

Brindam-se os cálices vazios,
Degustámos o doce vinho.
Dragamos o mesmo aroma
Outra vez, sozinhos.
Erguem-se alicerces impetuosos,
Montados numa inércia profunda.
Desabam na razão ciente
Outra vez, defunta.

Há caminhos à solta,
Traçaram-se caminhos parados.
Os mesmos veleiros sem rota
Outra vez, ancorados.
Rodopiou a imagética sentida,
No álbum da memória vivida.
Monta-se o puzzle sobre a mesa
Outra vez, partida.

Nádia Fortes
20-06-2008

Saturday, May 31, 2008

Uma pequena...Grande recompensa!


Hoje foi um dia diferente, que vou recordar sempre pois foi uma boa surpresa para mim. Neste livro, estão publicadas duas poesias minhas; trata-se de um concurso promovido pelo Instituto Jean Piaget que tem, como finalidade, constituir um livro com poesias de jovens de todas as idades, que posteriormente é posto à venda. Participei neste concurso há alguns anos e fui premiada com nesta publicação :) . Hoje fui à cerimónia de entrega, e não resisti em registar este facto no meu blog, totalmente dedicado a algo que tenho prazer em fazer.
Espero que possam comprar este livro ;-P


Thursday, February 28, 2008

Há dias...

Há dias
Em que
Me lembro
De quando
Não lembrava
De nada.
Há dias
Em que
Basta
Uma estrofe
Mal escrita
E borro
A minha quadra.
Há dias
Fui
Tão feliz
Porque
Dormia
Muito.
E...
Já são horas.
Vou
Fazê-lo,
Agora,
Sem vontade.
29/02/2008 Nádia Fortes

Thursday, January 24, 2008

Passagem de Nível

Tombou-se a cancela velha, baixou sem avisar.
"Diz-me porque foi, porque baixou ela,
Sem antes eu passar!"...

O tempo da espera é tenebroso,
A ânsia do caminho esvaneceu.
Reticentes... Uns esperam,
Outros, vão voltar.

O tumulto espezinha a calma,
E depois da luta, a entrega
exausta.
Acorda a cegueira em cinza,
E vai despertando o olhar,
O olhar retido nela.

"Como tu me fascinas,
E nunca te admirei.
O horizonte em ti se deita,
És o pouso do pássaro
Que faz soar o timbre do teu ranger.
És a meta que me deleita".

Comove-se a injusta,
E num ápice torna a levantar.
Como foi bom o tempo de espera,
Passo agora, já não como era
Antes do tempo de passar.

(...)

E quem torna à cancela velha,
Volta a querer parar.

Nádia Fortes 24-01-2008