Friday, April 22, 2005

Almas Vazias

Vinha hoje embora da faculdade, constatei de novo a pequenez de tantas pessoas...
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Embaladas pela noite viva
Noite falsa, de enganosos sorrisos
Mais madrasta dos evitados que, virando
A esquina, dormem gélidos
Em colchões de ladrilhos.

Alugam o mundo sem licença,
Cultivam terra seca com risos formais,
Pisam o cigarro velho de ocasião,
Transpiram alegria impura
Ou conversas banais.

São anjinhos de um céu vulgar,
Reclamam asas de seda para voar.
Mas até as de retalho voam, e mais alto,
Se almas tiverem abertas e
Capazes de sonhar.

É gente de tamanha pequenez,
Música afinada, letra que a nada soa.
Frascos deslumbrantes, e de tampa solta,
Perfumes que cheiram a água,
E até enjoa!

Talvez seja eu o anjo negro,
Ausente do presente e real,
Que constatou numa noite alegre,
O que lhe enojou para sempre:
Gente de alma vazia, superficial...

NF

22-10-2003

Tuesday, April 19, 2005

Reflexos na Bruma


Entristece-se o manto efémero
No franzir embalado da cortina,
Recolhendo suas velhas lantejoulas
De velhos brilhos da nossa vida.
Todo o tempo cessa em retalhos
O que outrora foi euforia.
Serão areia os amores jovens,
Da velha praia onde atracarão
Os nossos dias... Quão frágeis
São os laços que nos unem ao infinito,
Deixando a solidão ser nossa companhia.
Prevendo o fluir dos anos na bruma,
O espelho do futuro reflecte
No meu olhar aquilo que agora vejo:
Eu, lerda, enrugada, só, distante,
Sentada num velho banco de ferro,
A mirar o rio Tejo.

Nádia Fortes
30/08/2004

O Menino



É impossível não ter sonhos,
Os teus não têm um sorriso
Mas um olhinho triste quando passas.
Longe vens ainda e já sei que
Mais um dia de fadiga te juraram,
És tu, noctívago como quem trabalhar
Enquanto a noite existe, retornando
Quando é dia disfarçado.
Que pensas tu, ou será que pensas
Por que estás deambulando com
O teu acordeão pelas carruagens.
A tua música é alegre, mas o tilintar
Das moedas carrega-a de melancolia.
Sai daí, és um menino! Vai à
Superfície e aproveita a luz do dia.
Gasta essas míseras moedas em
Guloseimas, pula, ri e grita! Leva
O teu mordomo que com tanta
Pose te acompanha, para
Brincarem juntos até caírem em
Cima da relva fresca, com o cheiro
A Primavera! O teu mundo de criança
É para isso. Mas, de certo, as
Tuas noites não são fadas, talvez
Frias e descansadas. E no outro dia
Lá estarás, quando eu descer para
Mais uma viagem, a tocar o acordeão
Com o teu olhar meigo e desamparado,
Enquanto o teu cachorrinho segura com
Firmeza o copo onde tilintam as moedas.
Como é fácil deixá-las cair, sem olhar
Para quem tu és, um menino que não
Quer estar ali.

Gostava que alguém te levasse
Para passares um dia no teu
Mundo de criança.

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Dedicado ao Menino no Metropolitano

Nádia Fortes
11/04/2005

Friday, April 15, 2005

Eu...Estou aqui!

Finalmente decidi criar o meu blog... Às vezes o tempo é escasso, no entanto, vou procurar mantê-lo sempre actualizado. Porque a minha droga é escrever, em momentos que não há mais nada que alivie a minha inquetação (de onde ela vem, também não sei...). Não vou apresentar-me ao pormenor, conheçam-me através do que escrevo; às vezes confuso, outras vezes simples :) Just me, Nádia Mateus Fortes

Se eu voasse como um pássaro

Aqui há uns meses decidi reunir tudo o que já tinha escrito até hoje. Encontrei algumas poesias que escrevi quando tinha 7 anos. Talvez um pouco primárias, no entanto, gostei de relembrá-las. Deixo-vos aqui a primeira, escrita mal comecei
a juntar letras e palavras.



Se eu voasse como um pássaro

Gostava de voar
No alto do mar.
Vivia livre e sem dor
Trazia a natureza
Sempre com amor.
Chorava com a chuva
Voava com o vento,
Gostava de à noite
Sentir o relento.

NF
7 anos