Tuesday, April 19, 2005

O Menino



É impossível não ter sonhos,
Os teus não têm um sorriso
Mas um olhinho triste quando passas.
Longe vens ainda e já sei que
Mais um dia de fadiga te juraram,
És tu, noctívago como quem trabalhar
Enquanto a noite existe, retornando
Quando é dia disfarçado.
Que pensas tu, ou será que pensas
Por que estás deambulando com
O teu acordeão pelas carruagens.
A tua música é alegre, mas o tilintar
Das moedas carrega-a de melancolia.
Sai daí, és um menino! Vai à
Superfície e aproveita a luz do dia.
Gasta essas míseras moedas em
Guloseimas, pula, ri e grita! Leva
O teu mordomo que com tanta
Pose te acompanha, para
Brincarem juntos até caírem em
Cima da relva fresca, com o cheiro
A Primavera! O teu mundo de criança
É para isso. Mas, de certo, as
Tuas noites não são fadas, talvez
Frias e descansadas. E no outro dia
Lá estarás, quando eu descer para
Mais uma viagem, a tocar o acordeão
Com o teu olhar meigo e desamparado,
Enquanto o teu cachorrinho segura com
Firmeza o copo onde tilintam as moedas.
Como é fácil deixá-las cair, sem olhar
Para quem tu és, um menino que não
Quer estar ali.

Gostava que alguém te levasse
Para passares um dia no teu
Mundo de criança.

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Dedicado ao Menino no Metropolitano

Nádia Fortes
11/04/2005

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