Friday, April 22, 2005

Almas Vazias

Vinha hoje embora da faculdade, constatei de novo a pequenez de tantas pessoas...
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Embaladas pela noite viva
Noite falsa, de enganosos sorrisos
Mais madrasta dos evitados que, virando
A esquina, dormem gélidos
Em colchões de ladrilhos.

Alugam o mundo sem licença,
Cultivam terra seca com risos formais,
Pisam o cigarro velho de ocasião,
Transpiram alegria impura
Ou conversas banais.

São anjinhos de um céu vulgar,
Reclamam asas de seda para voar.
Mas até as de retalho voam, e mais alto,
Se almas tiverem abertas e
Capazes de sonhar.

É gente de tamanha pequenez,
Música afinada, letra que a nada soa.
Frascos deslumbrantes, e de tampa solta,
Perfumes que cheiram a água,
E até enjoa!

Talvez seja eu o anjo negro,
Ausente do presente e real,
Que constatou numa noite alegre,
O que lhe enojou para sempre:
Gente de alma vazia, superficial...

NF

22-10-2003

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